quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Dom Casmurro e o e-Reader

Sou capaz de apostar que Machado de Assis jamais imaginou que poderia existir um aparelho que mostrasse todas as páginas de seus livros em uma tela de vidro que muda as letras a um simples toque de dedo. Sem precisar molhar, sem precisar muito esforço. Basta deslizar o dedo na tela ou apertar um botão e a página muda.

Tenho certeza que ele não imaginou que um livro poderia caber dentro de um aparelho eletrônico, transformando as letras impressas em zeros e uns, e que em um aparelho menor que um livro comum poderiam caber 1500 livros digitais, sem precisar espremer, com a mesma quantidade de letras. Letras estas que poderiam ser aumentadas ou diminuídas, também com um simples toque no aparato.

O que mais me dá certeza que o grande autor de língua portuguesa jamais pensou vir a existir tal equipamento foi a forma com que ele tratou o leitor ao supor que ele já teria jogado a sua obra ao canto uma ou duas vezes, lá pela metade da leitura de Dom Casmurro.

Ora! Se eu jogar o e-Reader no canto da sala, certamente seria a única vez e não mais poderia pegá-lo para ler novamente. Estaria todo destruído no canto da sala, com a tela quebra e teclas espalhadas pelo chão.

Ó, mestre Machado! O senhor acaba de mostrar uma grande vantagem do livro impresso. Posso jogá-lo quantas vezes quiser no canto da sala e buscá-lo novamente. As páginas podem amassar, orelhas aparecem nos cantos, a capa rasga, a brochura desmonta, mas posso continuar o lendo os frangalhos. Se jogar o meu novo brinquedo no chão, não leio mais nada.

Mas tudo bem! Fora a desvantagem de não poder deixar meu e-Reader cair no chão, estou muito satisfeito com meu Positivo Alfa. Terminei de ler Dom Casmurro, do começa ao fim. Pasmem! Eu jamais havia lido esta importante obra da literatura brasileira. E já estou pronto para começar a ler Os Espiões, do Luiz Fernando Veríssimo (também na versão e-book).

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