segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Eterno

Há alguns dias atrás minha mãe, enquanto  procurava alguns documentos nos armários, encontrou uma pasta minha. Coisa velha, do tempo de primeiro grau. Dentro havia uma redação da sexta ou sétima série. Um relato sobre o que eu esperava do futuro dos videogames. Tirando o trecho em que eu antecipava o controle do Nintendo Wii, não era nada genial. Mas que me fez pensar no quanto gosto de escrever.

Acabei me lembrando de uma outra vez em que recebi, por e-mail, o encaminhamento de um texto. Normalmente não leria o e-mail. Já recebo forwards demais com textos de auto-ajuda e coisas do tipo. Mas o título me chamou à atenção: Pátio das Flores. Lembrei que eu tinha publicado um texto com esse mesmo título em um site que já não atualizada há não-sei-quantos anos. 

A primeira informação que procurei foi o nome do autor. Não estava em lugar nenhum. Resolvi ler. Tal foi a surpresa quando descobri que era o meu próprio texto, encaminhado já para diversas pessoas. Abri o meu antigo site literário para comparar. Letra por letra estavam todas ali. Poderia ter me irritado com o fato de terem omitido meu nome. Mas a surpresa e a satisfação por saber que pessoas tinham gostado e estavam repassando os meus escritos foram maiores.

Já havia me esquecido destes fatos até que, ontem à tarde, lendo poemas de Leminski, esbarrei em um que me fez lembrar dessas coisas. E foi quando me dei conta... eu também já fui eterno.

Abrindo um antigo caderno
foi que eu descobri:
Antigamente eu era eterno.

Paulo Leminski