sábado, 6 de junho de 2009

Cem horas


O relógio
por Maxmiliano Franco Braga 


    Tic. Tac. Tic. Tac. No meio da noite, quando não havia mais o barulho de carros passando na rua, a TV estava desligada e a chuva havia parado, tudo o que eu ele podia ouvir era o som do relógio. O tempo se arrastava pesadamente. Tic. Cada segundo passava lentamente. Tac. Com a mente ainda um pouco dormente, perdido em um sonho esquecido, ausente, tentava pensar com clareza. Era madrugada. Tinha muita noite ainda pela frente. Ele, entretanto, sabia que o barulho do caminhar das engrenagens não o deixaria dormir tão facilmente.

    Tic. Tac. Ecoava em sua cabeça a força do tempo passando. O relógio estava ali há quase um ano. Presente de aniversário. Esteve sempre tiquetaqueando por todo esse tempo. Seus movimentos, porém, sempre abafados pela agitação das manhãs ou a correria dos finais de tarde, não era notado. Tic. Algo o perturbava naquela noite. Por que foi acordado no meio da madrugada por um barulho que sempre existiu? Tac. Pensou em jogar o relógio pela janela. Tic. Não o fez. Covardia ou preguiça? Tac. Talvez os dois. Pensou em tirar a pilha. Tic. Sabia que não iria adiantar. O tempo continuaria ecoando em sua cabeça. Tac.

    Fechou os olhos. O barulho continuou. Por fim, ele dormiu. Mas não mais sonhou.

2 comentários:

  1. Hoje a lua está cheia, quem sabe não retire dela algum sonho?
    São tantos os relógios em nossas vidas que passam desapercebidos.
    Lindos textos como sempre.

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  2. queridoooooooooo

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