quinta-feira, 28 de outubro de 2004

Fases políticas

É engraçado como tenho me acostumado a tratar de política com naturalidade. Parece que a cada dois anos, eu tenho me esclarecido mais sobre o assunto. Lembro quando era pequeno, nem horário político eu gostava de assistir. Era só aparecer aquela voz fúnebre anunciando a tal lei, e eu já desligava a TV. Hoje, eu até acompanho alguns momentos destas propagandas. Claro que não chega a ser a mesma atenção de quem assiste a uma partida de futebol, ou um capítulo inédito da novela. Mas com as falsidades, demagogias e mentiras que transmitem (estou falando do horário eleitoral, não das novelas, apesar de que... bem... deixa pra lá) qualquer fração de atenção que um ser humano consiga oferecer é digna de honra ao mérito.

Outro dia, estava eu aguardando para ser atendido em um destes departamentos de recursos humanos que existem por aí, quando um conhecido me pergunta se eu havia lido o jornal. Estranhei. Ninguém costuma perguntar se eu li o jornal do dia. Será que tinha alguma notícia interessante? Será que era algo que afetava os universitários? Será que mais alguma entidade iria entrar em greve? A polidez e a discrição me impediram de fazer qualquer uma destas perguntas, apesar da curiosidade ter me incitado a fazê-las. E o pior é que, excepcionalmente neste dia, eu não havia lido uma página sequer do jornal. Nem mesmo o caderno de esportes, nem palavras cruzadas, e tampouco as tiras.

Um quase silêncio caiu sobre o ambiente. Meu colega com o dedo indicar no queixo. Sua boca quase não abria e sibilava alguma coisa, enquanto ele olhava para o teto, como se perguntasse qual seria o planeta que poderia se chocar com a Terra nos próximos segundos. E do outro lado, eu em silêncio com a minha curiosidade, imaginando se eu realmente ouvia o que ele murmurava, ou se estava apenas imaginando. Acho que estava imaginando, pois logo chegou outra pessoa e ele fez a mesma pergunta que fez a mim. A amiga dele respondeu que não, não lera o jornal naquele dia. O mesmo semblante de decepção que ele havia demonstrado à minha responsta recaiu sobre o rapaz. Mas desta vez ele explicou o motivo da pergunta. Sairia o resultado de uma pesquisa no jornal, e ele gostaria de saber o resultado.

Eu nada disse. Apenas franzi a testa. Não falei, apenas pensei. Francamente! Eu até tenho gostado de ser mais particitivo na vida política e nos meus deveres de cidadão. Mas ficar paranóico para saber resultados de pesquisas é demais para a minha cabeça! Não quero pensar nisso agora. Talvez daqui a uns dois ou quatro anos...

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