quinta-feira, 23 de setembro de 2004

Dois pretéritos

Os dias vão se passando e é tão estranho quando nos damos conta de que já passaram demais. Cada ônibus perdido, cada abraço não dado, cada passeio não concretizado, cada oportunidade desperdiçada, cada flor não cheirada... Coisas que frustraram parte de um passado que não volta.

Nestas horas, vale lembrar de outras coisas. Dos caronas em boa hora, dos beijos que conquistamos, das festas até tarde, das chances que aproveitamos, das frutas que colhemos do pé... Boas recordações de outro passado que não volta.

Estes são dois passados distintos. Não como na escola, quando eu aprendi a conjugar o pretérito perfeito e o pretérito imperfeito. Deixando a Gramática de lado, e tomando emprestado estes dois nomes, eu entendo que o importante não é a conjulgação e sim o que lembramos de ambos. E se, ao lembrar de tudo de momentos perfeitos e imperfeitos, pudermos perceber que dosamos estes dois em harmonia, tirando lições de cada qual, então a mistura deles passa ser algo único, que nos deixa mais contentes, pois destes dois pretéritos, ficamos com um só: o pretérito mais-que-perfeito.


E todos esses que aí estão
Atravancando o meu caminho
Eles passarão...
Eu, passarinho!

poema de Mário Quintana

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